Sunday, August 28, 2016

Política e o "Politicamente Correto"

“Ciência do governo dos povos”. Eu chamaria de “arte de ser civilização” (como já foi dito em outro post). Do grego pólis, termo utilizado para denominar as Cidades-Estado gregas, a política está na essência do ser humano, porque o ser humano é um ser naturalmente social. Social porque de outra forma não seríamos o que hoje somos e não atingiríamos o nível civilizatório e intelectual que atualmente atingimos.
 
A política não pode ser alheia ou estranha às pessoas. Porque ela se trata do próprio ser humano como ser social. Sua negação seria equivalente a rejeitar sua própria natureza. Uma sociedade madura só se consegue com indivíduos politizados. Mas ser politizado não significa necessariamente ser interessado em “política”. É onde entra o que eu chamo de “politicamente correto”.
 
Apoio o politicamente correto, mas o que eu entendo ser politicamente correto, e não necessariamente o que as pessoas entendem por politicamente correto. O correto é algo simples: ou você é ou você não é. Não há meio termo. Ou se é correto ou se é incorreto, seja politicamente ou não. O que há de correto em ser incorreto? Para mim não faz sentido tal paradoxo.
 
A confusão reside no fato de que cada pessoa tem um entendimento de correto e incorreto, e este é o ponto de muita discórdia entre as pessoas.
 
O que é ser politicamente correto, afinal? Na minha opinião, política – repito – é a arte de ser civilização, logo, ser politicamente correto é ser civilizado. E o que é ser civilizado? Portar-se de forma a prezar pela civilidade, o que eu defino como sendo o caminho que viabiliza o convívio harmônico em sociedade. A civilidade se adquire com um elemento fundamental: o respeito mútuo. E o respeito mútuo existe porque existe a consciência de um princípio, também fundamental na política: a igualdade de direitos.
 
Muitos se utilizam do argumento do “politicamente incorreto” para legitimar uma falsa liberdade. Falsa porque esta liberdade – liberdade é um direito que deve ser comum a todos – é exercida em detrimento do respeito a outro indivíduo, o que não é logicamente válido. A lógica do respeito mútuo segue uma máxima: “não faça com os outros o que você não quer que os outros façam com você”. E uma liberdade que viola esta máxima, ao meu ver, é falha.
 
Simples? O problema ainda é que há também divergências sobre o que fazer ou não com os outros baseado no que você permite que os outros lhe façam. Por isso existem consensos, acordos e leis, para que se estabeleça um padrão que a sociedade siga. E aqui encontra-se o Estado – para criar um norte, um padrão, que será o caminho para a ordem social, o objetivo final e o propósito de toda a política.