Saturday, August 2, 2014

Ser ou não ser (Estado) - eis a questão.

Compatriotas, decidam-se.


Para aqueles que já sabem, eu digo: sim, estamos perdidos. E estaremos até o momento em que nossos irmãos acordarem. Enquanto isso não acontece, precisamos fazer a nossa parte. Bradar nossa insatisfação? Sim. Mas defender com unhas e dentes nossas conquistas, velar pelo pouco que há de "Estado".

E os que não sabem, fica a pergunta: ser ou não ser (Estado)?

É triste ver como a enganação, traiçoeira que é, consegue confundir as mentes. Ela vela a mais simples e importante questão, a supracitada. E muitas vezes me parece que a grande maioria não se deu conta do que se trata. Não vê a verdade diante dos olhos porque existe uma ilusão, criada por quem quer escondê-la.

É mister que o povo participe. Este, primeiramente, precisa querer participar. E finalmente saber o que quer, o que reivindica.

Eu reivindico o Estado, e quando falo isto, é porque reivindico a democracia. Esta não é ela mesma se o poder não for do povo. Como este está imerso em um sono de pesadelos, só nos resta aguardar seu despertar, que não virá enquanto a ilusão continuar a induzi-lo. Ou seja, democracia ainda não há.

Houve na história recente um momento de semi-vigília, que não passou de sonambulismo. Difícil dizer se era mesmo um quase despertar da consciência, ou se era somente alucinação.

Apesar de toda essa conjuntura, há em mim uma centelha de esperança. Isto porque os que ainda dormem desejam em seus sonhos, ainda que sem perceber, o Estado, que nada mais é que eles mesmos.

Sei que há aqueles que assumiram o outro lado - o individualismo. Mas não me refiro a eles.

Certa vez, um renomado político, que chegou a governar nossas terras, desabafou:


"O Brasil não gosta do sistema capitalista. Os congressistas não gostam do capitalismo, os jornalistas não gostam do capitalismo, os universitários não gostam do capitalismo. E, no capitalismo, [os brasileiros] têm horror aos bancos, ao sistema financeiro e aos especuladores. (...) Eles não sabem que não gostam do sistema capitalista, mas não gostam. Gostam do Estado, gostam da intervenção, do controle, do controle do câmbio, o que puder ser conservador é melhor do que ser liberal."

"O ideal, o pressuposto, que está por trás das cabeças é um regime não capitalista e isolado, com Estado forte e bem-estar social amplo. Isso tudo é utópico, as pessoas não têm consciência. (...) Um governo que se propõe a fazer a integração do Brasil à nova divisão internacional do trabalho (!!!) é visto como neoliberal. Isso é xingamento, e quer dizer na prática que o governo tem distância ou ojeriza ao social."


Fernando Henrique Cardoso, o dono das palavras, compreendia os anseios populares. Houve, sim, algumas incorreções e colocações exageradas - "o Brasil não gosta do sistema capitalista". Convenhamos: os congressistas gostam do capitalismo - a grande maioria, eu diria (o PT não é exceção) - sem falar de jornalistas e universitários. Para ser mais exato, eu substituiria a palavra capitalismo por liberalismo econômico, vulgarmente conhecido como neoliberalismo, que, até onde sei, não é a única forma de capitalismo - como se os outros presidentes, antes e depois dele, não fossem capitalistas...

Porém, uma coisa era certa: ele percebeu que seus ideais iam à contramão dos mesmos anseios populares (como ainda vão até hoje), e daí a frustração. O governante, numa democracia, deve fazer a vontade do povo, ou pelo menos da maioria dele, certo?

É onde eu digo que os conterrâneos precisam decidir: ser ou não ser (Estado)? Porque eles podem não saber, mas na hora do desamparo, ocorrem-lhe sempre a ideia de que o Estado deve mostrar a solução dos problemas.

Então, o que querem, afinal? Para muitos falta coerência.

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