Tuesday, October 10, 2017

Pensando com a própria cabeça – réplica ao “Nosso Coro Particular de Demônios” (Intro e Parte I)

Esta será uma série de publicações que farei em meu blog em resposta ao Capítulo V do livro “Filosofia para Corajosos”, de Luiz Felipe Pondé.

Ele sugeriu que pensássemos com a nossa própria cabeça. Vou atender ao pedido dele.

(é possível que eu dê continuidade às minhas reflexões depois de eu responder a todas as perguntas feitas no referido capítulo do livro)


1. O que estamos fazendo aqui no mundo?

Ideias as pessoas têm aos montes, esta é a verdade. Quem está certo? Quem está errado? Esta pergunta, sim, já é bem mais difícil de responder. Até porque a resposta acaba quase, senão sempre dependendo de nosso condicionamento. O que nos torna quase sempre pessoas parciais, que não conseguem enxergar ou compreender algo de forma isenta.

Para facilitar um pouco para quem esteja lendo estas linhas, costumo seguir o princípio do não-absolutismo, presente no Jainismo: ninguém é detentor da verdade absoluta; as pessoas podem ser, contudo, observadoras de apenas uma parte dela, nunca do todo, de forma que seus pontos de vista podem corresponder à uma fração dela. Tal coisa acontece, obviamente, porque jamais conseguiremos entrar em contato com toda a verdade, e há questões e elementos que podem depender de coisas que estão além de nosso campo de percepção para serem plenamente compreendidas (como eu acredito sempre haver). Não vou entrar em detalhes sobre este tema, porque tomaria um espaço muito grande e nos desviaria do foco central deste primeiro ítem.

Respondendo à pergunta, eu tenho ideia do que estamos fazendo aqui, e posso ter ideia. Não há nada que possa me impedir de tê-la; nem a incerteza, nem a impossibilidade de averiguar 100% daquilo que afirmo. O que não significa que a minha ideia seja a verdade absoluta. Ideias são apenas ideias. Elas podem ou não condizer com a realidade, em graus maiores ou menores. Em plenitude, quando se trata de assuntos subjetivos como este, acho bastante improvável. A certeza só acompanha fatos incontestáveis, do tipo 1+1=2, o ano tem 365 dias, ou de que a Terra é redonda (sim, ela é redonda).

A resposta que tenho pode se resumir a uma frase que gosto muito de usar, e cuja autoria desconheço: “o homem é o Universo se olhando no espelho”. Não acredito que sejamos frutos do acaso. Entendo que nossa existência é lógica como a sequência dos números: do número um nascem todos os outros números, infinitos. Como explicar isto? Talvez só estando dentro da minha cabeça para entender o que quero passar, mas o que posso dizer é que nossa própria existência já explica o que estamos fazendo aqui: vivendo.

Meio óbvio, eu sei.

Mas a vida, no meu entendimento, é a essência e o propósito de tudo. Os elementos são a matéria-prima para a obra que é a vida, e eu os vejo como sendo vida também, mas em seu estágio primitivo. (nem tente usar o conceito comum que se tem de vida para tentar entender o que estou dizendo, porque não é isso) São as combinações dos elementos de uns com os outros, entre iguais ou diferentes, que geram novas possibilidades, e a complexidade resultada disto é o que traz a riqueza, a diversidade e a vida manifesta – o que eu chamo de vida manifesta e o que as pessoas chamam simplesmente de “vida” – em inúmeras formas.

Querer entender a plenitude de todo este processo vejo como pretensão descabida, porque somos insignificantes diante da imensidão do Universo. Somos ignorantes e permaneceremos ignorantes sobre o Todo. O que não impede, volto a dizer, das pessoas pensarem, imaginarem, terem ideias, palpites e até estudarem a Física – a natureza das coisas – para compreender melhor essa parcela de mundo que nos envolve. Somos livres para isso.

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