Wednesday, November 16, 2016

Ser ou não ser (conservador) – eis a questão... (Parte III)

Tentei ser o mais sucinto possível, sem muito sucesso.
 
 
Enfim, esqueçam o que sabem sobre o Conservadorismo e imaginem uma nova definição para a palavra no dicionário. Seria, de certa forma, o que estou a apresentar. Não é algo necessariamente novo; antes, uma visão heterodoxa e uma interpretação mais fiel à própria palavra, sem se apegar a condicionamentos e conceitos vigentes.
 
Não serei capaz de discorrer sobre o assunto com plenitude, pelo pequeno espaço de que disponho. Mas será uma introdução a uma diferente forma de enxergar e entender a política.
 
 
Quem é conservador conserva ou pretende conservar alguma coisa. O quê?
 
Se o assunto é política, então ser conservador, nesta visão heterodoxa, significa prezar pela integridade da civilização humana. Para tal, considero dois pilares fundamentais: a ordem natural das coisas e a ordem social.
 
 
A ordem natural se refere, na verdade, ao equilíbrio do ecossistema e a uma relação harmoniosa entre o ser humano e o meio-ambiente. Ela se torna imprescindível porque sua ausência traz ameaça à integridade da civilização. O homem não é nada sem a natureza, e é totalmente dependente dela. Portanto, nada mais coerente – e conservador – que atuar pelo respeito ao equilíbrio ambiental e a boa gestão dos recursos naturais.
 
Na ótica sinistra, aqui se encontra a base da verdadeira Economia – que não visa a busca cega e inescrupulosa pelo lucro, mas a autossustentabilidade de um sistema. Um conservador, sob esta ótica, não poderia, a princípio, concordar com os atuais moldes do Capitalismo; seria antes cético aos seus métodos precipitados. O que também não significa sua total rejeição. Correções e reformas seriam necessárias em prol da ordem natural.
 
 
Quanto à ordem social, esta se consolidaria através da democracia. O principal motivo é a própria natureza humana, que é diversa. A diversidade é geradora de conflitos. E os meios mais eficazes para a solução de tais conflitos são o diálogo, o entendimento e a tolerância, presentes na democracia.
 
Nela se encontram elementos que considero cruciais para a ordem social. Respeito mútuo, isonomia e liberdade, por exemplo, são consequências de uma democracia pura, ou quesitos mínimos. Nela há o entendimento de que o poder deve ser dividido de forma igual a todas as pessoas – isonomia. A liberdade, por ser um bem desejável a todo detentor do poder, e requisito para uma vida digna e plena, torna-se um fim lógico.
 
Ademais, o respeito mútuo está implícito na democracia de forma indissociável. Busca-se a divisão igual de poderes entre todos os indivíduos para que haja respeito mútuo entre eles, bem como a igualdade de direitos a todos os elementos, porque é lógico e porque minimiza conflitos, que poderiam provocar a desordem.
 
 
Cumpre frisar, no entanto, que não há ordem natural absoluta ou ordem social absoluta. Isto é, estágios que, uma vez alcançados, perduram ad eternum.
 
A ordem natural – porque sempre há circunstâncias e mudanças naturais, alheias ao conhecimento ou domínio humano, que podem causar algum desequilíbrio ou instabilidade em um ecossistema ou em um aglomerado civilizatório, ainda que estas mudanças sejam passageiras, em pequena ou grande escala.
 
A ordem social – primeiramente porque o ser humano é imperfeito por natureza, o que nos leva a crer que constantes ajustes e reformas serão inevitáveis a fim de que a política se adapte ao tempo e às necessidades peculiares de um lugar e de uma época.  Segundo, porque é inviável, e até indesejável, a igualdade absoluta. O que se busca é uma igualdade relativa, onde se respeite a dignidade humana e a igualdade de direitos entre os “iguais” (não é justo e razoável, por exemplo, que um faxineiro ganhe o mesmo salário que um médico).
 
 
Para concluir, a fim de não preterir conceitos como “moral”, “ética” e “tradições”, eu acrescentaria que, apesar de entender que é prejudicial a prisão e o apego ao passado, sua compreensão e a aquisição de experiências com o intuito de adquirir “maturidade coletiva” é saudável. Todos estamos presos a um condicionamento, é verdade, porque o que somos está diretamente atrelado a ele. Mas o condicionamento em si não é ruim; o que realmente se torna um obstáculo para o progresso da humanidade é o seu engessamento e a necessidade de homogeneizar a sociedade – a origem de todos os extremismos.
 
Ninguém é detentor da verdade absoluta. Cada um tem acesso apenas a uma pequena parcela dela. Por isso a democracia é importante; porque ela permite a exposição e a manifestação de diferentes ideias e diferentes pontos de vista sobre um mesmo objeto, o que pode lançar um entendimento mais completo e profundo. Compreender esta lição é essencial, e isto só acontece quando o indivíduo não está engessado pelo próprio condicionamento e está aberto a ouvir vozes divergentes, sem medo de estar errado ou incompleto em sua posição sobre um determinado tema.


Em suma, este é o Conservadorismo, segundo o Sinistro.

Friday, October 21, 2016

Ser ou não ser (conservador) – eis a questão... (Parte II)

Ao refletir sobre o Conservadorismo, um conflito se instalou em minha mente. Porque na busca pelo real significado da palavra e sua plena compreensão, divergiu-se o Conservadorismo que se praticou ao decorrer da História, em suas diversas formas, e o que passei a considerar como sendo o verdadeiro. Este, discreto e que se encontra, acredito eu, muito mais no campo das ideias, pouco parece ter sido posto em prática. O segundo, bem mais evidente, eu chamaria de pseudoconservadorismo.

Nesta parte discorrerei sobre este último, para posteriormente esclarecer sobre o outro.

Poderia, para explicá-lo, citar inúmeros exemplos, como os tories no Reino Unido, apegados ao poder da nobreza e inicialmente avessos às transformações que a ascensão do Parlamento britânico estava trazendo. Mas, como disse no post anterior, trata-se quase, senão sempre, de uma tentativa de reafirmar uma identidade como resistência a algo novo (ou diferente) que surge que possa mudar o status quo. E muitas vezes, o Conservadorismo se mostra preso ao passado.

No que concerne à sua ligação com o passado, entendo que este é até importante para a compreensão do presente e a projeção do futuro. Não obstante, a natureza e a história nos têm mostrado que tudo progride. Se a intenção que se tem é evitar o progresso, o conservadorismo (e aqui escrevo com letra minúscula mesmo) é daninho. É um reflexo, às vezes coletivo, do que Krishnamurti define como “condicionamento” e o apego ao ego. Todos nós temos, em algum nível, apego ao nosso condicionamento, nossa memória e ao ego. Mas a resistência a toda mudança, principalmente quando ela é benéfica, é um obstáculo à evolução da humanidade, tanto no campo individual como coletivo. Eu chamaria essa resistência de “inércia”.

A conservação da ética, da moral e dos bons costumes – leia-se maturidade – se consegue com o acúmulo de experiências (subentendendo-se neste acúmulo um processamento cada vez mais inteligente do conhecimento e das memórias adquiridas), e não com o engessamento da personalidade e conduta da sociedade.

Outra característica negativa do pseudoconservadorismo é a tentativa de “homogeneizar” a sociedade. Como existe certa rejeição àquilo que é diferente ou divergente (e isto é em certo nível natural do ser humano, com uns mais e outros menos), há a afinidade por aquilo que lhe é semelhante. Desta afinidade e apego a um “padrão” sociocultural, surge o desejo de tornar a sociedade mais homogênea.

E aqui está a semente para a intolerância.

Quando ela se manifesta de forma aguda, defino-a como “ultraconservadorismo”. O motivo é a relação que essas manifestações muitas vezes têm com extremismos, como a xenofobia, a homofobia, o racismo, o autoritarismo, a intolerância religiosa, etc.

Ao conjunto de tais características, muitas vezes combinadas umas com as outras, foi atribuído o título de "fascismo", ainda que este não seja especificamente seu sentido original. Ao significado que esta palavra acabou encarnando na sociedade, eu defino como sendo a “doutrina do medo”, medo do diferente, do divergente. A intolerância decorre da dificuldade em aceitar o que não está conforme ou no agrado de alguém – o que revela um grau muito forte de egoísmo e imaturidade.

Ao “ultraconservadorismo” falta sempre, porque lhe é próprio, a inteligência emocional, porque nesta inteligência está implícita a empatia e a cautelosa ponderação. É como uma criança quando é contrariada e tenta, até mesmo por meios forçosos e violentos, fazer prevalecer a sua vontade.

É uma abordagem política “antipolítica”, porque interdita o debate sério e a reflexão sóbria sobre determinado tema. Porque transforma a política num campo de guerra, e não numa plataforma de diálogo, com a finalidade de chegar a um acordo ou consenso entre as partes.

Daí o prefixo “pseudo”, porque a meu ver, é uma espécie de “antítese” da política.

Friday, September 30, 2016

Ser ou não ser (conservador) – eis a questão... (Parte I)

O que significa ser conservador? Parece uma pergunta simples, mas há várias respostas. Muito depende da época em que você vive, do lugar em que mora, ou de seu status social. Dadas determinadas variáveis, o sentido pode ser até oposto, mas o que posso observar é que de uma forma geral há a tentativa de um determinado grupo, povo ou sociedade afirmar uma identidade, delineada por costumes, tradições, ideais ou crenças. E essa tentativa geralmente surge da reação de uma resistência provocada por algo que seja diferente, estranho ou exótico à primeira vista.
 
No caso do brasileiro, que tradição a ser conservada? A de ser explorado? A de ser autoritário? A de faltar com urbanidade? Ou a de tentar burlar as regras? O que há de tão valioso na tradição brasileira? (a diversidade cultural e étnica, eu diria)
 
Se o que se defende é a moral e a ética, acho que o discurso se torna redundante, porque ambos são fundamentais na política. A mim não faz sentido invocar qualquer que seja a ideologia, dentro de um ambiente democrático – e é sempre importante lembrar da democracia – se não há um mínimo razoável de reverência à moral e à ética.
 
Onde encontrá-las? Para o Sinistro não há mistério. É fácil e simples. Ou pelo menos parece. Porque fazer exige quase sempre um esforço maior do que falar. E é onde muitos cambaleiam, tropeçam e caem. Às vezes feio. Contradição é o que mais se vê. (falar bonito até eu consigo)
 
Siga-se, portanto, tão somente, de passagem, esta lógica: a ordem social é o fim de toda política; para alcançá-la o respeito mútuo é imprescindível, ingrediente certeiro na receita. O respeito mútuo se obtém através da boa educação, que preza a moral e a ética. Aliás, moral e ética estão implícitos no respeito mútuo; são interdependentes. Não há moral sem ética; toda ética é moral (ou deveria ser); e não há moral ou ética sem respeito mútuo. O respeito mútuo é a consciência e a conduta que conduz à consolidação dos direitos e liberdades individuais de TODOS os elementos da sociedade. É a isonomia, a lei da igualdade.
 
Numa conjuntura como esta, não há espaço para “politicamente incorreto” se essa suposta incorreção enseja, estimula ou provoca a restrição ou violação dos direitos ou liberdades de alguém. Se há lugar em que o sistema político deva ser inflexível, aqui está: ser inflexível com o que possa trazer o desequilíbrio – desequilíbrio o qual sempre resulta na falta de liberdade ou na carência de direitos.
 
Há muito o que se refletir sobre o Conservadorismo, mas o ponto que não deve ser ignorado é que na afirmação ou reafirmação de uma identidade, forma de ser, pensar, crer ou agir como resistência ao que se considera divergente ou “fora dos padrões”, deve-se manter em mente a consciência de que o ser humano é naturalmente diverso e que justamente por esse “instinto” de resistência que adotamos, devemos, por empatia, respeitar o espaço do outro. Afinal, se o seu espaço está sendo respeitado e suas liberdades não estão sendo restringidas, onde está o mal? E por que privar o próximo da liberdade de ser, pensar, crer e agir como quiser se isto não o está prejudicando?
 
Como já dizia o ditado: não faça com os outros o que você não quer que os outros façam com você. Faltam aos ditos conservadores a EMPATIA. Sem ela, não há como falar de democracia.

Saturday, September 10, 2016

Liberalismo e Liberdade

Pelo amor à palavra e a uma definição clara e objetiva, eu defino como Liberalismo a ideologia que prega a liberdade como valor máximo em uma sociedade. E a liberdade é reivindicada porque ela se torna primeiramente a garantia de uma vida digna ao indivíduo. A Constituição é taxativa no que concerne ao direito de ir e vir, à livre manifestação do pensamento (vedado o anonimato), à liberdade de crença, e tantos outros direitos que protegem as liberdades individuais.
 
Há o ditado que diz: “meus direitos terminam onde começam os seus”. O direito se torna ilegítimo a partir do momento em que ele provoca a lesão ou a restrição ao direito de outro. É perfeitamente claro, portanto, que num regime verdadeiramente liberal um indivíduo não será livre para matar, agredir, fisica ou verbalmente, roubar o outro ou deliberadamente causar-lhe algum dano ou prejuízo. A liberdade absoluta e irrestrita não existe, porque tal situação provocaria a própria falta de liberdade decorrente da ausência de regras e, portanto, da ordem social, que se alcança com o “respeito mútuo”.
 
Não se pode ter liberdade onde não há ordem.
 
Diante de tais considerações, que parecem óbvias, mas ignoradas por muitos que se intitulam “defensores da liberdade”, a regulamentação na sociedade se torna inevitável. Muitos são conscientes da necessidade do Estado para prover leis, justiça e segurança aos indivíduos. São meios dos quais o povo dispõe para fazer valer sua vontade – a ordem e a garantia de seus direitos. Numa sociedade em que não há um mínimo razoável de justiça ou segurança não há liberdade.
 
Com o mercado, onde eu acredito ter sido o pensamento liberal um tanto controverso, não pode ser diferente.
 
No meu entendimento, livre mercado não significa mercado sem regras, sem presença ou qualquer intervenção do Estado. Até porque uma sociedade de “indivíduos livres”, como já foi ponderado, não é viável ou sustentável sem regras ou ação do governo (para que serve o governo mesmo?). Se você roubar ou matar alguém, por exemplo, e denunciarem a ocorrência, sua vida sofrerá intervenção estatal (ou pelo menos deverá sofrer), porque houve clara lesão ou restrição ao direito e à liberdade de alguém. Agentes públicos como policiais, juízes e promotores, por exemplo, servem para esta finalidade: a ordem e a segurança social.

Se o que se procura é coerência no discurso liberal, a lógica obviamente não pode ser uma para o indivíduo e outra para o mercado. Até porque o mercado é constituído de indivíduos.

Sunday, September 4, 2016

Democracia Liberal

“Poder do Povo”. Na democracia está implícito o princípio da igualdade de direitos, porque este é o próprio propósito da democracia. Dá-se poder ao povo porque há o entendimento de que ninguém tem mais direito ao poder que ninguém. O poder é, portanto, dividido igualmente a todos os elementos que compõem a sociedade, e como é inviável o exercício direto desse poder por todos, pessoas são “eleitas” para exercerem esse poder. É uma delegação de poder, uma concessão, e o que chamamos de Democracia Representativa.
 
A democracia demonstrou ser até o presente momento o modelo político mais justo e eficiente da história da humanidade. Os países mais desenvolvidos humanamente são, com raríssimas e contestáveis exceções, os mais democráticos. Democracia, quando eficiente, é sinônimo de qualidade de vida e o que chamei no último texto de “ordem social”. Porque se observa então uma virtude, tão cobiçada, mas ao mesmo tempo ainda tão escassa: o respeito mútuo. Respeito porque há a consciência de que todos os elementos são importantes; porque a melhor forma de estimar a si mesmo é estimar também aos outros; porque numa sociedade você não é nada sem o próximo.
 
Ao mesmo tempo, a verdadeira democracia possui a qualidade de aceitar o contraditório, a diversidade de opiniões, de pensamento, de crença, de cultura, etc., porque as diferenças são naturais entre os humanos. A democracia aceita a contestação e a divergência, frisando-se, no entanto, que todo conflito deve ocorrer no campo das ideias ou se utilizando de meios pacíficos, e eles devem acontecer com o objetivo de alcançar o consenso, e não de derrotar ou subjugar o oposto, o que configura maniqueísmo fantasioso, em que há dois lados, os supostos “bem e mal”, e que o mal deve ser combatido e exterminado. Há, é claro, o que eu chamo de “politicamente correto”, ou politicamente coerente, e o que é “politicamente incorreto”, ou politicamente incoerente, porque se trata de algo que em si contamina o entendimento e o funcionamento de uma democracia (a ordem social) e que é consequentemente destrutivo para o próprio relacionamento humano e a política.
 
A democracia contemporânea busca abranger também o princípio da liberdade – daí o termo democracia liberal. E o motivo é simples: todo detentor de poder deseja liberdade. Todo detentor de poder deve gozar de liberdade, porque é assim que se exerce o poder. E como o poder é do povo, o povo deve ser livre, até porque o povo quer ser livre. Quem não quer ser livre? Logo, a liberdade é uma consequência lógica da democracia. E para que todos sejam livres, existe o Estado e as leis, que são as ferramentas que fazem valer o consenso de ser sociedade, de ser democracia e de garantir a liberdade.

Sunday, August 28, 2016

Política e o "Politicamente Correto"

“Ciência do governo dos povos”. Eu chamaria de “arte de ser civilização” (como já foi dito em outro post). Do grego pólis, termo utilizado para denominar as Cidades-Estado gregas, a política está na essência do ser humano, porque o ser humano é um ser naturalmente social. Social porque de outra forma não seríamos o que hoje somos e não atingiríamos o nível civilizatório e intelectual que atualmente atingimos.
 
A política não pode ser alheia ou estranha às pessoas. Porque ela se trata do próprio ser humano como ser social. Sua negação seria equivalente a rejeitar sua própria natureza. Uma sociedade madura só se consegue com indivíduos politizados. Mas ser politizado não significa necessariamente ser interessado em “política”. É onde entra o que eu chamo de “politicamente correto”.
 
Apoio o politicamente correto, mas o que eu entendo ser politicamente correto, e não necessariamente o que as pessoas entendem por politicamente correto. O correto é algo simples: ou você é ou você não é. Não há meio termo. Ou se é correto ou se é incorreto, seja politicamente ou não. O que há de correto em ser incorreto? Para mim não faz sentido tal paradoxo.
 
A confusão reside no fato de que cada pessoa tem um entendimento de correto e incorreto, e este é o ponto de muita discórdia entre as pessoas.
 
O que é ser politicamente correto, afinal? Na minha opinião, política – repito – é a arte de ser civilização, logo, ser politicamente correto é ser civilizado. E o que é ser civilizado? Portar-se de forma a prezar pela civilidade, o que eu defino como sendo o caminho que viabiliza o convívio harmônico em sociedade. A civilidade se adquire com um elemento fundamental: o respeito mútuo. E o respeito mútuo existe porque existe a consciência de um princípio, também fundamental na política: a igualdade de direitos.
 
Muitos se utilizam do argumento do “politicamente incorreto” para legitimar uma falsa liberdade. Falsa porque esta liberdade – liberdade é um direito que deve ser comum a todos – é exercida em detrimento do respeito a outro indivíduo, o que não é logicamente válido. A lógica do respeito mútuo segue uma máxima: “não faça com os outros o que você não quer que os outros façam com você”. E uma liberdade que viola esta máxima, ao meu ver, é falha.
 
Simples? O problema ainda é que há também divergências sobre o que fazer ou não com os outros baseado no que você permite que os outros lhe façam. Por isso existem consensos, acordos e leis, para que se estabeleça um padrão que a sociedade siga. E aqui encontra-se o Estado – para criar um norte, um padrão, que será o caminho para a ordem social, o objetivo final e o propósito de toda a política.