Wednesday, November 8, 2017

Pensando com a própria cabeça – réplica ao “Nosso Coro Particular de Demônios” (Parte IV)

4. Existe evolução moral na humanidade?

A minha resposta é sim e não.

Contraditório? Sim. Porque a evolução humana é contraditória, tanto em seu aspecto biológico como em seu aspecto moral. E minha posição ambígua se baseia nas mesmas incertezas levantadas por Pondé em seu livro. Nesta pergunta ele foi bastante cauteloso - exceto no trecho em que ele cita a Coreia do Norte, porque nem todo crítico ao Capitalismo apoia um regime como o norte-coreano. Não se engane, contudo. Não sou do tipo que demoniza o Capitalismo.

Tentarei ser o mais breve possível, sem deixar de falar o essencial.


No que concerne ao aspecto biológico, é fácil chegar à conclusão de que a humanidade evoluiu. É o que diz a ciência - que não é a voz da verdade absoluta, mas costuma ser mais cautelosa em suas afirmações por se basear em provas, observações e experiências na maior parte das vezes. Nossa relação como sociedade, criando vínculos mais complexos e desenvolvendo linguagens mais inteligentes, também contribuiu para tal evolução. É algo que se estabeleceu em nossa memória genética e é passado de geração em geração.

Não obstante, a contradição em nossa evolução reside no fato de que nos tornamos uma ameaça para nossa própria existência e até para a vida em nosso planeta. Sobre isso, gosto de citar a cena do filme Matrix, em que o agente Smith, mantendo Morpheus como refém, afirma que o homem não é bem um mamífero por se aproximar mais de outra categoria de ser vivo - o vírus.

Se Smith estiver certo e formos mesmo um tipo avançado de vírus, sendo nossa sina a autodestruição - como o próprio Pondé observou - onde está a evolução biológica?

É possível que o processo evolutivo não seja uma espiral infinita, mas uma onda na qual atingimos um pico e depois decaímos até atingir o vale.

Na minha cabeça, só estará confirmada a verdadeira evolução humana em seu aspecto biológico se a civilização se adaptar ao ecossistema, à biosfera, e para tal só há um caminho: a gestão sustentável dos recursos naturais - a verdadeira Economia (o resto é charlatanismo).


Quanto ao aspecto moral, a evolução pode ser observada, por exemplo, quando comparamos povos como os vikings na Idade Média e os atuais países nórdicos. Para mim, a evolução moral é clara. O que não significa ignorar que tal evolução tenha seus pontos controversos. É certo que parte dessa sociedade "moralmente evoluída" se sustenta em um sistema global com fundamentos morais muito frágeis, repleto de paradoxos. O luxo de alguns muitas vezes é fruto do sacrifício e do sofrimento de tantos outros. E não me refiro a pessoas que voluntariamente se submetem a condições degradantes, mas a gente que é manipulada ou forçada a se submeter de forma desumana e opressora.

É perfeitamente crível, sim, que muitos que fazem parte dessa humanidade "moralmente desenvolvida" não desejam a permanência desses paradoxos que tornam o mundo mais injusto e desigual. Mas o que é feito para mudar essa realidade? Não que nada seja feito; há quem realmente trabalhe para mudar tal realidade. Mas será o suficiente? Quantos saem de sua zona de conforto para dar sua contribuição?

Como se observa, o tema é complexo e não há respostas simples. O próprio filósofo demonstrou incerteza ao dar seu ponto de vista - e com muita sensatez, há de se reconhecer.

Como o leitor pôde notar, não tenho um veredito. Mas minha fé faz acreditar que há sim, no fundo, uma evolução moral em que, para sua consolidação, muitos tombos e tropeços teremos que cair. Volto a dizer: a vida é um aprendizado, e creio que toda experiência servirá para algum propósito.

Monday, October 23, 2017

Pensando com a própria cabeça – réplica ao “Nosso Coro Particular de Demônios” (Parte III)

3. Se Deus não existir, tudo é permitido?

Depende do indivíduo. Como bem observado por Pondé, há quem não acredite em Deus e tenha comportamentos morais construtivos – a maior parte deles, creio. Pois, muitos dos que se consideram ateus chegaram a esta conclusão pela lógica e pela razão – lógica que considero materialista, mas nem por isso inferior – e esta mesma lógica é a que os leva a acreditar que fundamentos morais precisam ser preservados e adotados, pelo bem do indivíduo e da sociedade.

Por outro lado, há quem acredite em Deus e até se apoie em preceitos morais – pessoas que, como o próprio Pondé às vezes fala com certo tom de desprezo e crítica, se denominam “gente de bem” – e acham razoável a perseguição, a tortura, o estupro e o assassinato de pessoas por não serem da mesma raça ou etnia; por não seguirem a mesma religião; por possuírem um ponto de vista ou uma ideologia diferente; por terem uma opção sexual diferente.

Como ele mesmo citou, "muito se matou em nome de Jesus, que parece ser um cara legal".

Concordo com o filósofo de que a religião ou a crença em Deus não faz de ninguém um ser melhor. Nem pior. Ser melhor depende de si mesmo, de postura e ação. Pensar, falar e agir definem o que somos. E a melhor transformação, ao meu ver, é aquela que ocorre de dentro para fora, aquela provocada pela experiência (tentativas e erros), e não pela influência dos outros.

O raciocínio de Kant, citado por Pondé, de que “as pessoas que precisam de um Deus para segurarem seus impulsos imorais ou violentos são idiotas morais”, faz sentido para mim, ainda que eu entenda ser rude e prepotente tachá-las de “idiotas morais”. Porque um dos objetivos da religião é exatamente esse – domar os instintos. Paulo já dizia: “leite vos dou de beber, porque comida sólida é para os adultos”. O grosso do ensinamento religioso é oferecido às pessoas de acordo com sua capacidade de entendimento, com a linguagem que possam compreender. Figuras como "céus" e "inferno", "salvação" e "perdição", embora não sejam simples ficções sob minha ótica, são utilizadas com o claro objetivo de conduzir os fiéis.

É uma “muleta” de que precisamos para nos apoiar em nossa jornada, mas que em determinado momento teremos de abandonar para nosso próprio crescimento espiritual, e a razão pode estar na explicação que darei a seguir:

----------------- o -----------------

O fundamento absoluto para o bem não precisa estar na existência de Deus, embora eu ache que exista uma relação profunda entre ambos (sim, eu acredito em Deus).

Seu fundamento está em seu propósito.

Entendo que o bem é praticado de forma mais autêntica e pura não por aquele que o pratica porque sua religião o prega, ou porque "Deus está vendo"; porque se ele praticá-lo será recompensado de alguma forma, aqui ou lá do outro lado; ou porque se não praticá-lo, poderá ser punido, pelo karma ou pela Providência Divina, ou pelo castigo eterno; porque se o fizer, ganhará prestígio e respeito; ou porque se não o fizer, a sociedade não o verá com bons olhos – enfim, o bem que é praticado pelo medo e pela vergonha, citados por Pondé em seu livro.

O bem é praticado de forma mais autêntica e pura por aquele que o pratica simplesmente por desejar o bem, sem nenhum motivo maior, sem interesses, sem contrapartida. O bem em sua pura forma é espontâneo, livre de preconceitos, livre do condicionamento; ele é direto e transparente.

Como chegar a este ponto? Difícil dizer, porque nosso superego sempre estará lá para vigiar nossas ações e nos dar sugestões, muitas vezes com um ar de censura e correção. O que nos faz escravos do condicionamento.

Eu acho que a consciência é o começo. E a religião, o superego, o medo, a vergonha ou qualquer outra "muleta" pode servir de instrumento para a prática, como num exercício. Até que se torne automático, espontâneo, apesar de eu achar que situações inusitadas e inéditas possam nos servir de teste e fazer nossa cabeça trabalhar, forçando-nos a recorrer a reflexões e o uso da ponderação. Enfim...

E o que seria o bem, afinal? Isto renderia não um, mas vários posts pela complexidade que envolve.

Mas resumindo, para concluir, se Deus não existir, ainda acreditarei no bem, e na força que o promove, o amor, mesmo reconhecendo minhas limitações – serei um eterno aprendiz. Porque se é permitido que as pessoas tenham uma religião, e isso é razoável, por que não se converter à religião do amor, em que a pratica do bem seria sua única finalidade? O que me faria diferente de alguém religioso?

Friday, October 13, 2017

Pensando com a própria cabeça – réplica ao “Nosso Coro Particular de Demônios” (Parte II)

2. Existe vida após a morte?

Há quem acredite que sim, há quem acredite que não. Eu faço parte do primeiro grupo.

É inegável que existe certo incômodo com a ideia de que a morte é o fim, e para muitas pessoas isso é intragável. Se me perguntarem se eu sofro de tal incômodo, devo admitir que sim. E se acreditar na vida após a morte é uma forma de driblá-lo, a sinceridade me fará reconhecê-lo.

Contudo, não é só isso. Há também a questão da perspectiva. Porque em observação à natureza, percebo que quase tudo funciona em ciclos. Dia e noite, sono e vigília, estações do ano, ciclo da água, do carbono, do nitrogênio. A cadeia alimentar. O movimento dos astros, dos elétrons, etc. O ciclo é um padrão na natureza.

A morte é um estágio, uma fase; portanto, parte do processo da vida.

Outro detalhe a ser frisado é sua imprescindibilidade: num ambiente como o nosso, em que nos reproduzimos – ou seja, um ser humano gera o outro através do sexo, já que somos seres sexuais – a morte é algo fundamental e lógico; ela precisa existir, por uma questão de equilíbrio.

Ademais, um fato que se pode observar na natureza é a renovação. Os hindus enfatizam tal conceito através da trindade Trimurti, a mais importante de seu panteão. Eles cultuam o deus Shiva, que é o deus da destruição, mas também da renovação, e ele geralmente é retratado como um yogi, um deus casto. A minha interpretação para este aspecto da divindade é o de que a natureza sempre busca a evolução, o refinamento, e sobre isso me aprofundarei em outro post.

O ponto a que pretendo chegar é o de que nós humanos somos tão apegados a nós mesmos que, creio eu, seria mais fácil nos aprofundarmos mais ainda em nosso narcisismo e condicionamento, estreitarmos mais ainda nossa visão de mundo do que abrirmos mais a nossa mente, amadurecermos mais, tornarmo-nos pessoas mais compreensivas, se vivêssemos mil anos ao invés de cem (não são muitos os que chegam aos cem, eu sei). Por isso é que eu acredito que nosso tempo de vida é curto, porque Deus, ou a natureza (chame-o como quiser), busca sempre a renovação e o aprimoramento, e nos impede de nos afogarmos demais em nosso egoísmo e mesquinhez.

(e a morte muitas vezes parece não ser suficiente)

Retornando à questão dos ciclos da natureza, para completar o assunto, afirmo que como o corpo, feito de pó, retorna ao pó da terra (e esse é o fim de um ciclo), aquilo que nos torna vidas coesas, com individualidade, e que muitos denominam alma, também retorna à sua origem, que para nós, com a percepção voltada ao material, nos parece inacessível. No entanto acredito piamente nela, a Anima Mundi (não me prendo a conceitos pré-estabelecidos; aplicando tal termo apenas como o nome propriamente sugere). Somos constantemente influenciados por ela, para o bem ou para o mal, tal qual o inconsciente coletivo.

O Vinícius Lacerda, que escreve este texto, por exemplo, quando de sua morte, deixará de existir. É uma persona que a natureza há de descartar, e permanecerá viva somente nos registros e nas memórias das pessoas. Mas seu aspecto espiritual, que serviu de base para sua existência e manifestação no mundo, permanecerá. Para mim, este desempenha a função de backup – o checkpoint ou o savepoint dos jogos de vídeo – de forma a continuar de onde se parou, impedindo um recomeço ex nihilo.

O condicionamento existe porque ele é o principal indício da existência da reencarnação. As diferenças naturais entre as pessoas, as quais a ciência não consegue explicar através da genética ou da psicologia, como é no caso de irmãos gêmeos univitelinos, que são clones, cópias um do outro, teriam fundamento nessa bagagem espiritual. É o que garante a evolução psíquica e espiritual dos seres vivos, tendo a morte mais um papel de controle e renovação.

Para finalizar, a ideia de Pondé de que a imortalidade poderia ser infernal só faria sentido se esta fosse monótona. É verdade, muitos pregam a recompensa eterna – os Céus – ou o castigo eterno – o inferno – como destinos do pós-vida, os quais considero realmente monótonos e com os quais não concordo muito (pelas ideias que apresentei, o leitor pôde notar).

Os Céus e o Inferno são antes para mim estados de espírito do que lugares no além. Conceitos como a Roda de Samsara, os Dez Estados da Existência e o Nirvana – que é a libertação e em certo sentido uma aniquilação – soam mais coerentes e críveis aos meus ouvidos.

Tuesday, October 10, 2017

Pensando com a própria cabeça – réplica ao “Nosso Coro Particular de Demônios” (Intro e Parte I)

Esta será uma série de publicações que farei em meu blog em resposta ao Capítulo V do livro “Filosofia para Corajosos”, de Luiz Felipe Pondé.

Ele sugeriu que pensássemos com a nossa própria cabeça. Vou atender ao pedido dele.

(é possível que eu dê continuidade às minhas reflexões depois de eu responder a todas as perguntas feitas no referido capítulo do livro)


1. O que estamos fazendo aqui no mundo?

Ideias as pessoas têm aos montes, esta é a verdade. Quem está certo? Quem está errado? Esta pergunta, sim, já é bem mais difícil de responder. Até porque a resposta acaba quase, senão sempre dependendo de nosso condicionamento. O que nos torna quase sempre pessoas parciais, que não conseguem enxergar ou compreender algo de forma isenta.

Para facilitar um pouco para quem esteja lendo estas linhas, costumo seguir o princípio do não-absolutismo, presente no Jainismo: ninguém é detentor da verdade absoluta; as pessoas podem ser, contudo, observadoras de apenas uma parte dela, nunca do todo, de forma que seus pontos de vista podem corresponder à uma fração dela. Tal coisa acontece, obviamente, porque jamais conseguiremos entrar em contato com toda a verdade, e há questões e elementos que podem depender de coisas que estão além de nosso campo de percepção para serem plenamente compreendidas (como eu acredito sempre haver). Não vou entrar em detalhes sobre este tema, porque tomaria um espaço muito grande e nos desviaria do foco central deste primeiro ítem.

Respondendo à pergunta, eu tenho ideia do que estamos fazendo aqui, e posso ter ideia. Não há nada que possa me impedir de tê-la; nem a incerteza, nem a impossibilidade de averiguar 100% daquilo que afirmo. O que não significa que a minha ideia seja a verdade absoluta. Ideias são apenas ideias. Elas podem ou não condizer com a realidade, em graus maiores ou menores. Em plenitude, quando se trata de assuntos subjetivos como este, acho bastante improvável. A certeza só acompanha fatos incontestáveis, do tipo 1+1=2, o ano tem 365 dias, ou de que a Terra é redonda (sim, ela é redonda).

A resposta que tenho pode se resumir a uma frase que gosto muito de usar, e cuja autoria desconheço: “o homem é o Universo se olhando no espelho”. Não acredito que sejamos frutos do acaso. Entendo que nossa existência é lógica como a sequência dos números: do número um nascem todos os outros números, infinitos. Como explicar isto? Talvez só estando dentro da minha cabeça para entender o que quero passar, mas o que posso dizer é que nossa própria existência já explica o que estamos fazendo aqui: vivendo.

Meio óbvio, eu sei.

Mas a vida, no meu entendimento, é a essência e o propósito de tudo. Os elementos são a matéria-prima para a obra que é a vida, e eu os vejo como sendo vida também, mas em seu estágio primitivo. (nem tente usar o conceito comum que se tem de vida para tentar entender o que estou dizendo, porque não é isso) São as combinações dos elementos de uns com os outros, entre iguais ou diferentes, que geram novas possibilidades, e a complexidade resultada disto é o que traz a riqueza, a diversidade e a vida manifesta – o que eu chamo de vida manifesta e o que as pessoas chamam simplesmente de “vida” – em inúmeras formas.

Querer entender a plenitude de todo este processo vejo como pretensão descabida, porque somos insignificantes diante da imensidão do Universo. Somos ignorantes e permaneceremos ignorantes sobre o Todo. O que não impede, volto a dizer, das pessoas pensarem, imaginarem, terem ideias, palpites e até estudarem a Física – a natureza das coisas – para compreender melhor essa parcela de mundo que nos envolve. Somos livres para isso.

Monday, May 29, 2017

Top 10 - Os 10 deputados federais que menos gastaram em campanha nas eleições de 2014 - 1º lugar



1. Cabo Daciolo (PSOL/RJ)

Bombeiro militar, Daciolo foi eleito para seu primeiro mandato na política como deputado federal com 49.831 votos (0,65% dos votos validos), alcançando a 31ª posição em seu estado. Ficou conhecido no episódio da greve dos bombeiros no Rio de Janeiro em 2011, tendo comandado a invasão do Quartel-General, sido expulso da corporação e permanecido detido por 9 dias na Penitenciária de Bangu 1.

Figura controversa, foi também expulso do partido pelo qual foi eleito após propor emenda constitucional para alterar o parágrafo único do Artigo 1º da Constituição Federal, no qual se lê: “todo poder emana do povo...”, para “todo poder emana de Deus”. Segundo o PSOL, a alteração seria uma afronta ao estado laico, defendido pelo partido. Atualmente, o deputado está filiado ao partido "Avante", antigo PTdoB (Partido Trabalhista do Brasil).

Com a campanha vitoriosa mais barata para deputado federal nas eleições de 2014, Daciolo gastou, segundo a Justiça Eleitoral, o equivalente a R$ 38.809,50, exatamente a quantia que recebeu de seus doadores, todos eles pessoas físicas. Aliás, Daciolo é o único desta lista que não recebeu doação empresarial. Sua maior doação veio de Claudio Vinicius de Carvalho de Pereira, com R$ 3.837,50. O próprio candidato também injetou em sua campanha R$ 2.050,00.

Sunday, May 28, 2017

Top 10 - Os 10 deputados federais que menos gastaram em campanha nas eleições de 2014 - 2º lugar



2. Dr. João Ferreira Neto (PR/RJ)

Médico formado na Faculdade de Medicina de Petrópolis e bacharel em Direito, Dr. João foi eleito com 65.624 votos (0,86% dos votos válidos), estando na 22ª posição em seu estado e não alcançando o quociente eleitoral. Antes de se tornar deputado federal, Dr. João ocupou outros cargos na política, tendo sido Secretário de Saúde em São João de Meriti/RJ entre 1998 e 2000 e entre 2005 e 2007, além de vereador do mesmo município, então pelo PMN, de 2008 a 2012. Atualmente é prefeito daquela cidade, tendo renunciado ao cargo de deputado federal.

Seus gastos com campanha, segundo a Justiça Eleitoral, somam R$ 49.521,66, pouco menores que a receita total, sendo o segundo menor valor do estado e da Região Sudeste para um candidato eleito a deputado federal. Seus maiores doadores foram as pessoas jurídicas (as únicas constantes em sua declaração) DH 2010 Transportes Ltda., com R$ 15.800,00, e a Casa de Saúde e Maternidade Quinze de Agosto Ltda., com R$ 13 mil.

Segundo matéria da Globo News, o deputado chegou a ser condenado em agosto de 2015 pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região a 3 anos e 4 meses de reclusão, pena privativa de liberdade substituída por penas restritivas de direitos e pagamento de multa, por se apropriar da contribuição previdenciária de funcionários de uma clínica da qual era sócio na baixada fluminense. João havia sido absolvido antes em primeira instância e o Ministério Público Federal interpôs recurso de apelação. Após o provimento do recurso ministerial, a defesa opôs embargos de declaração ao Acórdão do TRF, sem êxito.

Houve ainda a interposição de recursos especial e extraordinário, cujos seguimentos foram negados. Contudo, com a diplomação do então deputado, os autos foram remetidos ao STF, onde, em decisão proferida em agosto de 2016 e relatada pelo ministro Dias Toffoli, foi julgada extinta a punibilidade do réu por prescrição da pretensão punitiva.

Thursday, May 25, 2017

Top 10 - Os 10 deputados federais que menos gastaram em campanha nas eleições de 2014 - 3º lugar



3. Eduardo Bolsonaro (PSC/SP)

Filho do famoso e polêmico deputado federal Jair Bolsonaro, Eduardo foi eleito para o cargo – seu primeiro na carreira política – com 82.224 votos (0,39% dos votos válidos), conseguindo apenas a 61ª posição, sendo eleito por média. Seu correligionário, o Pastor Marco Feliciano, foi o terceiro candidato mais votado no estado de São Paulo e, por conta da votação expressiva, conquistou mais duas cadeiras para o partido, Bolsonaro sendo um dos beneficiados.
 
Formado em Direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Eduardo é escrivão da Polícia Federal, tendo iniciado a profissão em 2010 em Guarajá-Mirim/RO e atuado nas cidades de Guarulhos/SP, São Paulo/SP e Angra dos Reis/RJ.

Eduardo gastou em campanha, segundo o site do TSE, o numerário de R$ 51.956,76, valor pouco inferior ao arrecadado. É a campanha vencedora mais barata do estado de São Paulo e a terceira mais barata da região Sudeste. Seu maior doador foi uma pessoa física, Jorge Francisco, com R$ 11 mil. Eduardo ainda contou com doações de seu pai, no valor de R$ 9 mil, e de seu irmão Carlos, com R$ 10 mil, além de sua própria doação, também no valor de R$ 9 mil. As únicas doações empresariais, vindas da Construtora OAS S.A. e da 2 N Engenharia, somam juntas R$ 737,81.

Wednesday, May 24, 2017

Top 10 - Os 10 deputados federais que menos gastaram em campanha nas eleições de 2014 - 4º lugar



4. Kaio Maniçoba (PHS/PE)

Filho da ex-prefeita do município de Floresta (PE), Rorró Maniçoba, e atualmente no PMDB, Kaio foi eleito pelo PHS com 28.585 votos (0,64% dos votos válidos) para seu primeiro mandato político, já como deputado federal, sendo o último colocado de seu estado a ocupar uma cadeira na Câmara dos Deputados. Curiosamente, atrás da penúltima colocada – Luciana Santos do PC do B – estiveram 11 candidatos, cuja votação foi superior. No entanto, por questões de coligação partidária (PSDC/PTN/PRP/PSL/PHS/PRTB), Kaio conseguiu se eleger.

Suas despesas com campanha declaradas à Justiça Eleitoral, equivalentes à receita, totalizam R$ 55.635,85, o menor valor do Pernambuco e o segundo menor da região Nordeste. Seus maiores doadores foram pessoas físicas: Rinaldo J. C. Ayres, com R$ 16.600,00, Simone Macedo G Mattos, com R$ 15.500,00 e Rosangela Moura M. Ferraz, com R$ 15.000,00. A única doação por empresa veio da RM Veículos Ltda., com R$ 2.100,00.

Tuesday, May 23, 2017

Top 10 - Os 10 deputados federais que menos gastaram em campanha nas eleições de 2014 - 5º lugar



5. Cabuçu Borges (PMDB/AP)

Cantor, ator, humorista, economista e carnavalesco (é presidente da escola de samba Embaixada de Samba Cidade de Macapá), Cabuçu Borges – como é conhecido – foi eleito em seu estado, para seu primeiro mandato, com 18.709 votos (4,85% dos votos válidos), alcançando a terceira colocação. O nome vem da dupla humorística “Os Cabuçus”, formada com seu primo Pádua Borges – Pádua era chamado de “Lurdico”, enquanto o deputado tinha o apelido de “Vardico”.

Seus gastos com campanha declarados à Justiça Eleitoral somam R$ 72.422,40, muito próximos do que foi arrecadado (60 centavos a menos), sendo o segundo candidato eleito que menos gastou em seu estado e em toda região Norte. Apesar de ter recebido doações de empresas como Bradesco Vida e Previdência S.A., Proenge Engenharia e Projetos Ltda. e List Computação Publicidade Promoções e Comércio Ltda. (esta a pessoa jurídica com maior doação), os maiores doadores foram pessoas físicas: Geane Celly de Lima Borges, com R$ 8.500,00, e Adriano Camara de Oliveira, com R$ 9.300,00.

Cabuçu, junto do governador Waldez Góes (PDT), o vice-governador Papaléo Paes (PP) e o ex-candidato ao Senado Gilvam Borges (PMDB), seu primo, é acusado pela Procuradoria Regional Eleitoral do Amapá de abuso de poder econômico e uso indevido de meio de comunicação social – o Sistema Beija-Flor de Comunicação, grupo que pertence à família Borges, com dezesseis emissoras de rádio e dois canais de televisão no Amapá, teria sido utilizado como instrumento de promoção dos candidatos nas Eleições de 2014.

Sunday, May 21, 2017

Top 10 - Os 10 deputados federais que menos gastaram em campanha nas eleições de 2014 - 6º lugar




6. Jean Wyllys (PSOL/RJ)

Jornalista com mestrado em Letras e Linguística e professor universitário formado pela Universidade Federal da Bahia, Jean Wyllys, mais conhecido como vencedor da 5ª edição do programa Big Brother Brasil, foi eleito para seu segundo mandato de deputado federal com 144.770 votos (1,90% dos votos válidos), sendo o sétimo candidato mais votado de seu estado, não alcançando, no entanto, o quociente eleitoral.

Seu gasto total com campanha declarado à Justiça Eleitoral soma R$ 75.092,07, o terceiro menor do Rio de Janeiro e o quarto menor da região Sudeste. Jean contou com centenas de doações vindas de pessoas físicas, entre elas o ator e humorista Gregorio Duvivier, com R$ 250,00. A maior delas, contudo, veio de Edvaldo Farias Lira, no valor de R$ 6.700,00. Sua única doação empresarial foi realizada pela Griot Produções Cinematográficas Ltda., com R$ 4.700,00.

Jean recentemente foi réu em processo de cassação do mandato por quebra de decoro parlamentar, no polêmico episódio em que cuspiu no deputado Jair Bolsonaro (PSC/RJ) após votar contra o impeachment de Dilma Rousseff na Câmara em abril do ano passado. O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados decidiu, no entanto, por maioria, aplicar apenas a pena de advertência por escrito, por entender que a cassação ou a suspensão de seu mandato seriam penas desproporcionais à infração cometida.

Friday, May 19, 2017

Top 10 - Os 10 deputados federais que menos gastaram em campanha nas eleições de 2014 - 7º lugar



7. Adelson Barreto (PTB/SE)

Jornalista e radialista formado pela Universidade Tiradentes, Adelson foi eleito com 131.236 votos (13,37% dos votos válidos), sendo o primeiro colocado e o único candidato a atingir o quociente eleitoral em seu estado. Atualmente filiado ao Partido da República, este é seu primeiro mandato como deputado federal. Político veterano, já foi vereador em Aracaju pelo antigo PFL de 1995 a 1998 e pelo PPS entre 1999 e 2002; deputado estadual pelo PMN entre 2003 e 2006 e pelo PSB entre 2007 e 2014 (dois mandatos), somando mais de 20 anos de carreira política.

Barreto gastou, segundo declaração à Justiça Eleitoral, o total de R$ 79.196,90, valor pouco inferior ao arrecadado, sendo o candidato eleito que menos gastou em campanha em seu estado e o terceiro na região Nordeste. Seu maior doador foi ele mesmo, com R$ 33 mil. Recebeu também R$ 30.711,90 do senador Eduardo Amorim, até pouco tempo filiado ao PSC, agora filiado ao PSDB, tendo parte de suas doações vindo da Empresa Salobo Metais S.A., única pessoa jurídica constante em sua relação de doadores.

Adelson, apesar de tudo, foi condenado em dezembro de 2015 pelo Tribunal Regional Eleitoral de Sergipe em ação que julgou desvio de verba de subvenções, tendo sido cassado de seu mandato como deputado estadual, embora não estivesse mais no cargo quando da sentença.

Tuesday, May 16, 2017

Top 10 - Os 10 deputados federais que menos gastaram em campanha nas eleições de 2014 - 8º lugar



8. Roberto Góes (PDT/AP)

Dirigente esportivo, Roberto Góes foi eleito com 22.134 votos (5,73% dos votos válidos) sendo o deputado federal mais votado do estado nas eleições de 2014, embora não tenha alcançado o quociente eleitoral, de 47.666 votos. É o atual presidente da Federação Amapaense de Futebol e antes já exerceu os cargos de vereador em Macapá entre 1993 e 1994 pelo antigo PSD, deputado estadual por quatro mandatos consecutivos entre 1995 e 2008, já pelo PDT, e prefeito de Macapá entre 2009 e 2012.

Os gastos totais com campanha declarados à Justiça, ligeiramente menores à arrecadação, somam R$ 81.937,90, o que o situa na terceira colocação dos que menos gastaram tanto no estado quanto na região Norte. Seu maior doador foi uma pessoa física, Alfredo Inajosa Braga, com o numerário de R$ 11,5 mil.

Apesar da arrecadação e da despesa baixas em campanha, Roberto já foi processado e condenado pelo Supremo Tribunal Federal (Ação Penal 916) à pena corporal de 2 anos, 8 meses e 20 dias de reclusão, convertida em restritiva de direitos consistente em prestação de serviços a entidade filantrópica pelo mesmo período. Incurso nos crimes de peculato e assunção de obrigação no último mandato quando prefeito de Macapá em 2012, Roberto também foi condenado, na mesma ação, a pagar 20 salários mínimos em alimentos, medicamentos ou material escolar.

Monday, May 15, 2017

Top 10 - Os 10 deputados federais que menos gastaram em campanha nas eleições de 2014 - 9º lugar



9. Carlos Andrade (PHS/RR)

Eleito para o seu primeiro mandato com 6.733 votos (2,83% dos votos válidos), Carlos Andrade ocupou a última posição como deputado federal eleito em seu estado, não tendo alcançado o quociente eleitoral e tendo sido eleito por média. Carlos foi ainda o candidato eleito com menos votos em toda a Câmara dos Deputados, deixando para trás, segundo reportagem do portal R7, 939 candidatos de todo o Brasil com votação maior que a dele. Tal proeza foi possível porque sua coligação, a “Mais Roraima”, composta por 10 partidos, a maioria deles partidos nanicos, teve votação expressiva o suficiente para eleger dois representantes, Carlos sendo um deles (o outro é o Dr. Hiran Gonçalves, que alcançou o sexto lugar no estado).

Administrador pós-graduado e eletricitário, Andrade já foi Diretor Administrativo, entre 2000 e 2003, Diretor Presidente, entre 2003 e 2005, e Diretor Financeiro, entre 2005 e 2008, da Boa Vista Energia S.A., empresa pública de energia pertencente à Eletrobras e que atua em Roraima.

A despesa total com campanha, idêntica à receita total, equivale a R$ 85.472,00, a menor do estado e a quarta menor da região Norte. Suas maiores doações vieram da CRBS S.A. (subsidiária da Ambev), no valor de R$ 35 mil, e do Partido Progressista, de R$ 20 mil.

Sunday, May 14, 2017

Top 10 - Os 10 deputados federais que menos gastaram em campanha nas eleições de 2014 - Introdução e 10º lugar

Conforme prometido e depois de muito tempo desde a última publicação, resolvi dar continuidade à série que iniciei em janeiro deste ano, com mais informações sobre gastos de campanha nas eleições federais de 2014, agora abordando os deputados federais "mais econômicos", um a um, em publicações diárias.

O eleitor vai perceber que há, como na outra lista, políticos de diversos partidos e posições no espectro, e que o fato de terem gastado pouco em campanha não significa necessariamente que sejam todos eles "probos". A intenção aqui é mostrar como é possível gastar pouco (bem menos que o comum) e ainda ser eleito, sem precisar gozar de grande fama ou notoriedade.

Com vocês, sem mais delongas, o 10º colocado:



10. André Abdon (PRB/AP)

Engenheiro Florestal formado pela antiga Faculdade de Ciências Agrárias do Pará (FCAP), atual Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), André foi eleito para seu primeiro mandato como deputado federal com 13.798 votos (3,57% dos votos válidos), alcançando a sexta posição em seu estado, abaixo do quociente eleitoral. Anteriormente chegou a ocupar a Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Macapá em 1998, bem como disputou por duas vezes o cargo de vereador na mesma cidade e uma o mandato de deputado estadual, todas sem êxito. Atualmente é filiado ao Partido Progressista (PP).

Seus gastos com campanha, segundo o site do TSE, somam R$ 89.373,20, ligeiramente inferiores ao valor arrecadado. André contou apenas com uma doação proveniente de pessoa jurídica, descrita na declaração como “J. M. P. Paes Netto”, no valor de R$ 1,5 mil. Apesar das doações próprias, que não passaram de R$ 2 mil, e várias outras com o sobrenome “Abdon” – dentre elas a mais notável sendo de seu pai José, com R$ 5 mil – seu principal doador foi o Fundo Partidário, com R$ 70 mil.

Friday, January 20, 2017

Top 10 - Os 10 deputados federais mais gastões das Eleições de 2014 - 1º lugar



1. Arlindo Chinaglia (PT/SP)

E este é o campeão da lista. Eleito com 135.772 votos (0,66% dos votos válidos), Arlindo foi o 32º colocado em seu estado, abaixo do quociente eleitoral.
 
Médico formado pela Universidade de Brasília, já presidiu a CUT (Central Única dos Trabalhadores) e o Sindicato dos Médicos do Estado de São Paulo. Participou da fundação do Partido dos Trabalhadores, exerceu o cargo de deputado estadual entre 1991 e 1994 e é, desde 1995, deputado federal, já tendo presidido a Câmara dos Deputados no biênio entre 2007 e 2009.

Curiosamente, Arlindo competiu com Eduardo Cunha em 2015 pela presidência da Casa, tendo sido derrotado. Se esta lista fosse dos deputados federais eleitos que mais arrecadaram recursos segundo a Justiça Eleitoral, Arlindo não figuraria nela. Isto porque suas receitas totais somam o numerário de R$ 4.838.358,25, abaixo do 10º colocado, ainda que o valor seja bem acima da média. Cristiane Brasil (PTB/RJ) e Leonardo Quintão (PMDB/MG) obtiveram arrecadação superior à de Arlindo, embora tenham gastado menos que Alexandre Baldy.

Mas assustador é o quanto as despesas totais superaram as receitas no caso do petista: as primeiras equivalem a R$ 8.464.594,13, R$ 3.630.235,88 a mais que o arrecadado, a maior diferença encontrada entre os candidatos eleitos a deputado federal. Para efeitos de comparação, dos 513 deputados federais eleitos, somente 36 (contando com os que figuram nesta lista) arrecadaram quantia superior a esta diferença.

Dos que gastaram mais do que arrecadaram, atrás de Arlindo está Vicente Cândido, companheiro de partido e eleito também pelo estado de São Paulo. A diferença entre as despesas e a receita total de Vicente foi pouco superior a R$ 1 milhão.

Os principais doadores de Chinaglia foram as construtoras Andrade Gutierrez e Contern, a JBS S.A., Serveng Civilsan S.A. Empresas Associadas de Engenharia, ECTX S.A. (madeireira), Stockler Comercial e Exportadora Ltda., Terra Forte Exportação e Importação de Café Ltda. e Vale Energia S.A, todas elas com doações de R$ 200 mil ou mais. As maiores doações vieram, no entanto, das empresas Guarani S.A., do ramo sucroalcooleiro, e a Hypermarcas S.A., conglomerado que atua em vários ramos, cada qual com R$ 500 mil.
 
Outros nomes notáveis, como Brasil Kirin, os bancos Itaú e Safra, CRBS (Ambev), Cutrale, Aché Laboratórios Farmacêuticos e UTC Engenharia aparecem na lista de doadores, mas com valores menores.

Thursday, January 19, 2017

Top 10 - Os 10 deputados federais mais gastões das Eleições de 2014 - 2º lugar



2. Marco Antonio Cabral (PMDB/RJ)
 
Filho do polêmico ex-governador do estado do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho (atualmente preso pela Operação Lava-Jato), Marco Antonio foi eleito com 119.584 votos  1,57% dos votos válidos  abaixo do quociente eleitoral, alcançando a 9ª colocação. Formado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, estava até pouco tempo licenciado do cargo de deputado, ocupando a Secretaria Estadual de Esporte, Lazer e Juventude, da qual foi exonerado a pedido próprio, segundo nota do Diário Oficial.
 
Com apenas 25 anos, Marco Antonio é um dos deputados mais jovens da Câmara e iniciou cedo sua carreira política, tendo sido eleito Presidente Estadual da Juventude do PMDB em 2009 e Presidente Nacional da Juventude do mesmo partido em 2013. Segundo a Folha de São Paulo, Marco Antonio também ocupou, entre 2011 e 2012, cargo comissionado na Secretaria Municipal da Casa Civil do Rio de Janeiro, onde tinha como função auxiliar na elaboração de projetos de parceria público-privada.
 
Suas despesas com campanha declaradas à Justiça, ligeiramente inferiores ao total arrecadado, equivalem a R$ 6.788.349,32, as maiores do Rio de Janeiro entre os deputados federais eleitos. As doações vieram de várias fontes, entre elas as mais notáveis: os bancos BTG Pactual, Santander e Bradesco, construtoras como Andrade Gutierrez e Emccamp Residencial, empresas do ramo de bebida como a CRBS S.A. (subsidiária da Ambev), Hospital das Clínicas de Niterói, dentre tantos outros nomes.
 
Seus maiores doadores, no entanto, foram a Construtora Queiroz Galvão, a Rio de Janeiro Refrescos (Coca-Cola), a Cervejaria Petrópolis S.A. e a Carioca Christiani Nielsen Engenharia S.A., cada qual com doações de R$ 500 mil.

Wednesday, January 18, 2017

Top 10 - Os 10 deputados federais mais gastões das Eleições de 2014 - 3º lugar



3. Iracema Portella (PP/PI)
 
Professora e empresária, Iracema foi eleita para o seu segundo mandato com 121.121 votos (6,99% dos votos válidos), sendo a 3ª colocada de seu estado. Ela não alcançou o quociente eleitoral, embora nenhum deputado federal pelo Piauí o tenha conseguido. Seu primeiro mandato foi de fevereiro de 2011 a janeiro de 2015, também pelo PP.
 
Filha de políticos, seu pai, Lucídio Portella, já foi governador do Piauí entre 1979 e 1983 pelos partidos ARENA e PDS, vice-governador de 1987 a 1991 pelo PDS e senador da República de 1991 a 1999 pelos partidos PDS, PPR e PPB. A mãe, Myriam Portella, foi a primeira mulher a se tornar deputada federal pelo Piauí em 1986, tendo exercido o cargo até 1991. Era também filiada ao PDS, mas migrou ao PSDB em 1989, apoiando a candidatura de Mário Covas à presidência.
 
O tio Petrônio, por sua vez, irmão de Lucídio, foi deputado estadual, de 1954 a 1958 pela UDN, governador do estado entre 1963 e 1966 pelos partidos UDN e ARENA e senador pelo Piauí de 1966 a 1979 pela ARENA. Foi ainda presidente do Senado nos mandatos de 1971 a 1973 e de 1977 a 1979, e, por derradeiro, Ministro da Justiça nos anos 1979 e 1980, quando faleceu.
 
Já o atual marido é ninguém menos que Ciro Nogueira Lima Filho, senador pelo Piauí, eleito em 2010, também filiado ao PP e atual presidente do partido. Ciro já tinha sido deputado federal desde 1995, até se tornar senador.
 
Apresentado seu perfil, bastante significativo para o seu estado, vamos às contas de Iracema.
 
Suas despesas com campanha nas eleições de 2014 foram as maiores de seu estado, bem como as maiores da região Nordeste, como o leitor já deve ter deduzido. Um pouco menores que a arrecadação, que não foi maior que a de Cunha (como já foi esclarecido), nem a do segundo colocado desta lista, elas somam “míseros” R$ 6.722.540,86.
 
Como doadores, Iracema contou com várias pessoas físicas, inclusive o que supostamente seria seu sogro, embora este já tivesse falecido quando da declaração. Ela também recebeu doações das empresas Ciro Nogueira Comércio de Bicicletas Ltda, Ciro Nogueira Agropecuária e Imóveis Ltda e CN Petróleo Ltda, empresas de provável propriedade do marido. A quantia, quando somadas todas as doações destas fontes, compõe um valor considerável (ultrapassa os R$ 300 mil), mas não o suficiente para figurar entre os maiores.
 
Acima delas estão: Porto Seguro Companhia de Seguros Gerais, Agro Energia Santa Luzia S.A., Companhia Metalúrgica Prada, JBS S.A. e Imapi Indústria & Comércio Ltda. Esta última injetou na campanha de Iracema R$ 1.100.000,00, sua maior doação empresarial, já que a maior de todas as doações veio do Fundo Partidário, que ajudou a piauiense com R$ 1.190.000,00, a maior contribuição do Fundo dentre os políticos desta lista.
 
Na planilha de doadores da deputada, o leitor ainda pode encontrar nomes famosos como Andrade Gutierrez, OAS e Banco Safra, mas com valores menores.

Tuesday, January 17, 2017

Top 10 - Os 10 deputados federais mais gastões das Eleições de 2014 - 4º lugar



4. Eduardo Cunha (PMDB/RJ)

Talvez o parlamentar mais notável dos últimos dois anos, peça-chave no processo de Impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e réu no processo da Operação Lava-Jato, Eduardo Cunha aparece nesta lista como o quarto deputado federal mais gastão das eleições de 2014. Eleito com 232.708 votos (3,06% dos votos válidos), Cunha ficou em 3º colocado em seu estado, sendo um dos 5 deputados federais eleitos no Rio de Janeiro com votação acima do quociente eleitoral.
 
Cunha foi deputado federal desde de 2003, tendo sido eleito primeiramente pelo PP. Já em 2003, filiou-se ao PMDB, partido ao qual pertence até hoje. Atuou antes como deputado estadual na ALERJ em 2001 e 2002 e presidente da Telerj durante o governo Collor, quando ainda era filiado ao PRN (atual PTC).
 
E como já é de conhecimento de todos, o parlamentar foi eleito em fevereiro de 2015 presidente da Câmara dos Deputados, o terceiro cargo político mais importante do país, ao qual renunciou em julho passado. Ainda em setembro último teve seu mandato cassado por ampla maioria na Câmara – apenas 10 de um total de 469 deputados votaram contra sua cassação, e 9 se abstiveram.
 
Se esta lista fosse elaborada para destacar os deputados federais que mais arrecadaram em campanha nas eleições de 2014, Cunha seria o primeiro colocado. No entanto, Cunha gastou algumas “centenas de milhares” de reais a menos que a sua receita, bem como houve quem gastasse mais que a quantia que ele despendeu, o que o situa na quarta posição deste ranking. O valor gasto chega aos R$ 6.415.150,51.
 
Como observação, destaco que fatos como este e outros que estou a levantar nos fazem refletir sobre o que seria necessário para um deputado concorrer e ser eleito presidente da Câmara. A influência de Cunha parece ser grande ao ser financiado por nomes de peso no mercado. Entre os seus maiores doares estão os bancos Santander, Bradesco e BTG Pactual, a Rio de Janeiro Refrescos (empresa do Grupo Andina, que pertence à Coca-Cola) e a Iguatemi Empresa de Shopping Centers S.A.
 
As 5 maiores doações, contudo, que equivalem juntas à “bagatela” de R$ 4,3 milhões, vieram das empresas: Mineração Corumbaense Reunidas S.A. (R$ 700 mil), Líder Taxi Aéreo Ltda (R$ 700 mil), Telemont Engenharia de Comunicações S.A. (R$ 900 mil) e as duas maiores doadoras: a CRBS S.A. (subsidiária da Ambev) e a Rima Industrial S.A., ambas com o valor de R$ 1 milhão.

Monday, January 16, 2017

Top 10 - Os 10 deputados federais mais gastões das Eleições de 2014 - 5º lugar



5. Carlos Zarattini (PT/SP)

Economista formado pela FEA-USP (Faculdade de Economia e Administração) e filiado ao PT desde 1987, Carlos foi eleito para o seu terceiro mandato como deputado federal com 138.286 votos, 0,66% dos votos válidos (número inferior ao quociente eleitoral), alcançando a 30ª posição, já tendo sido eleito para o cargo nos anos de 2006 e 2010. Foi também vereador na cidade de São Paulo nos anos 1995 e 1996, deputado estadual de 1999 a 2003, Secretário de Transportes do município de São Paulo entre 2001 e 2002, Gerente Regional de Administração do Ministério da Fazenda em 2003, Secretário de Subprefeituras do município de São Paulo em 2004 e assessor parlamentar da Câmara Municipal de São Paulo entre 2005 e 2006.

Suas despesas totais com campanha somam R$ 6.243.906,54, rendendo-lhe o posto de segundo maior gastão do estado e quarto maior da região Sudeste. Carlos contou com várias grandes empresas como doadores, como as construtoras OAS e Queiroz Galvão, a JBS S.A., os bancos Safra e BTG Pactual, UTC Engenharia, S.A. Paulista de Construções e Comércio, Adobe Assessoria de Serviços Cadastrais e outros. Sua maior doação, no entanto, veio da BMX Realizações Imobiliárias e Participações S.A., equivalente a R$ 950.000,00.

Sunday, January 15, 2017

Top 10 - Os 10 deputados federais mais gastões das Eleições de 2014 - 6º lugar



6. Benito Gama (PTB/BA)
 
Economista e professor, Benito é político veterano e um dos mais antigos e experientes da Casa. Exerceu o cargo por três mandatos: entre os anos 1987 e 1991, sendo deputado constituinte pelo PFL (atual DEM); de 1991 a 1995 e de 1995 a 1999, estes últimos dois também pelo PFL. Benito exerceu ainda a função de Secretário da Indústria, Comércio e Mineração do Estado da Bahia entre janeiro de 1999 e dezembro de 2000 durante o governo de Cesar Borges (PFL na época).
 
Apesar do histórico e dos investimentos com campanha, o deputado foi eleito com 71.372 votos (1,07% dos votos válidos), bem abaixo do quociente eleitoral, conquistando apenas a 38ª posição, a penúltima de seu estado. Suas despesas totais somam R$ 5.979.037,11, ligeiramente inferiores ao total arrecadado. É o maior valor gasto por um deputado federal eleito pela Bahia nas últimas eleições e o segundo maior de toda a Região Nordeste.
 
Sua maior colaboradora foi a Eldorado Brasil Celulose S.A., com doações, via diretório estadual, que totalizam o numerário de R$ 2.000.000,00, quantia que somente 8 dos 39 deputados federais eleitos na Bahia conseguiram receber. Grandes doadores também foram a Vigor Alimentos S.A., com valor muito próximo ao da Eldorado (a “mísera” quantia de R$ 1.999.960,00), a Saepar Serviços e Participações S.A., a Construtora OAS S.A., In-Haus Serviços de Logística Ltda., Arcelomittal S.A., entre outros.

Thursday, January 12, 2017

Top 10 - Os 10 deputados federais mais gastões das Eleições de 2014 - 7º lugar



7. Marcos Abrão (PPS/GO)
 
Economista e empresário no ramo pecuarista, Marcos foi eleito com 92.347 votos, 3,04% do total de votos válidos, conquistando a 11ª colocação e não alcançando o quociente eleitoral. Embora seja seu primeiro mandato como político, Marcos já foi filiado ao PSDB, tendo sido 1º secretário do diretório municipal de Goiânia entre 1999 e 2001. Já pelo PPS é o atual presidente do diretório estadual. Marcos é também sobrinho da senadora Lúcia Vânia, atualmente filiada ao PSB.
 
Apesar de eleito por um partido relativamente menor (o PPS possui hoje 11 parlamentares no Congresso Nacional), o deputado foi o mais gastão de seu estado e o mais gastão de toda a região Centro-Oeste, atingindo os R$ 5.812.787,80, “somente” R$ 286.751,90 a mais do que arrecadou, segundo o site do TSE.
 
Os doadores são muitos, de diversos ramos – alimentício, agrícola, farmacêutico, metalúrgico, de engenharia civil, saúde, mineração, energia, etc. Entre eles, encontramos nomes como C.A. Carajás Comércio Ltda., Ética Construtora Ltda., Irmãos Soares S.A., Rede Brasil Distribuição e Logística Ltda., cada um destes com valores superiores a R$ 200 mil. Mas a maior de todas as doações veio da Geolab Indústria Farmacêutica S.A., equivalente a “modestos” R$ 1.260.000,00.

Wednesday, January 11, 2017

Top 10 - Os 10 deputados federais mais gastões das Eleições de 2014 - 8º lugar



8. Sergio Zveiter (PSD/RJ)
 
Advogado, ex-presidente da OAB da seccional fluminense (o mais jovem da história do estado, com 33 anos) e até pouco tempo Secretário de Habitação do município do Rio de Janeiro (gestão Eduardo Paes), Sergio Zveiter foi eleito com 57.587 votos, ou 0,76% dos votos válidos, não atingindo o quociente eleitoral do estado, que foi de 166.457. Apesar dos altos investimentos e gastos com campanha, conseguiu apenas a 27ª colocação, elegendo-se pela coligação PMDB/PP/PSC/PSD/PTB, a que conquistou mais vagas no plenário pelo Rio de Janeiro.
 
Sergio já havia sido eleito em 2010 para o cargo de deputado federal, e atuou em várias pastas do Governo do Estado, sendo a última delas a Secretaria de Trabalho e Renda durante o governo de Sérgio Cabral. O irmão Luiz Zveiter é desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e o pai, Waldemar Zveiter, ministro aposentado do Superior Tribunal de Justiça.
 
As despesas declaradas à Justiça, equivalentes à receita total, chegam a R$ 5.720.550,50, sendo a terceira maior no Rio de Janeiro e a quinta maior na região Sudeste (o leitor já pode começar a fazer as contas e tentar adivinhar quem mais vai aparecer nesta lista).
 
Se Sergio contasse tão somente com suas próprias doações, teria em mãos nada mais, nada menos que R$ 3.752.000,00, quantia que somente três candidatos a deputado federal eleitos em seu estado conseguiram arrecadar. Já a maior doação que recebeu de outra fonte foi da UTC Engenharia S.A.: R$ 400 mil. Entre grandes doadores há ainda o próprio pai Waldemar, o sobrinho Flavio, o deputado estadual Jorge Felippe Neto, a Construtora Andrade Gutierrez (via diretório estadual), a empreiteira Carioca Christiani Nielsen Engenharia S.A., entre outros.

Tuesday, January 10, 2017

Top 10 - Os 10 deputados federais mais gastões das Eleições de 2014 - 9º lugar



9. Arthur Bisneto (PSDB/AM)
 
Filho de Arthur Virgílio Neto, renomado político do estado do Amazonas e atual prefeito de Manaus, Arthur Bisneto foi eleito com 250.916 votos, ou 15,13% dos votos válidos, sendo o deputado federal mais votado no estado e também o único a atingir o quociente eleitoral, que foi de 207.301 votos. Antes de assumir a cadeira na Câmara dos Deputados, atuou como deputado estadual no Amazonas entre 2003 e 2015, tendo sido eleito para o cargo três vezes consecutivas.
 
Suas despesas eleitorais, ligeiramente menores às receitas declaradas à Justiça, somam R$ 5.633.092,26, as maiores do estado para o cargo de deputado federal, bem como as maiores de toda a região Norte do país.
 
Citado na “Lista da Odebrecht”, Arthur afirmou ter recebido R$ 500 mil de doação para a campanha de 2014, via PSDB nacional, por intermédio da Usina Conquista do Pontal, pertencente à Odebrecht Agroindustrial, e que o valor está declarado, como realmente pode ser consultado no site do TSE.
 
Além desta, outras doações de grande valor podem ser encontradas no nome de grandes empresas como Andrade Gutierrez, Camargo Correa, OAS, Vale Manganês S.A., Gerdau Aços Especiais, Bancos Santander e BTG Pactual, e, curiosamente, a sua principal doadora: Supermercados DB Ltda – grande rede de supermercados da localidade – no montante de R$ 818.365,64.

Monday, January 9, 2017

Top 10 - Os 10 deputados federais mais gastões das Eleições de 2014 - Introdução e 10º lugar

Já se perguntou alguma vez quem foi o político que mais gastou em uma campanha eleitoral? Já tentou imaginar quanto dinheiro as campanhas e as propagandas eleitorais movem? Será que a quantidade de recursos arrecadados e gastos nas eleições brasileiras é razoável? E será que ela é necessária?

Posso não conseguir responder a estas perguntas, que não são fáceis, mas os dados aqui levantados – acessíveis a qualquer cidadão – podem ajudar a esclarecer um pouco da nebulosidade que existe na política brasileira. O objetivo aqui é questionar, refletir e adotar uma postura mais ativa, porque meu entendimento de democracia é o de que cada elemento deve participar do processo político ativamente, pelo mínimo que seja, ao invés de simplesmente assistir aos fatos como um mero espectador inerte.

Este será o início de uma série de artigos que analisará políticos brasileiros no campo de financiamento, arrecadação e despesas de campanhas eleitorais, estreando os 10 deputados federais eleitos em 2014 que mais gastaram em campanha, segundo o site do TSE. Obviamente esta lista não leva em consideração o caixa dois, impossível de ser mensurado.

Foi um trabalho minucioso, que consumiu muito tempo e atenção (precisei de mais de três meses de pesquisa), e que não está isento de erros. Solicito ao leitor que, para qualquer falha encontrada, deixe sua ressalva para posterior correção. As informações colhidas sobre valores e doações são todas públicas e podem ser consultadas no seguinte endereço:

Estarei postando diariamente um integrante da lista, começando pelo décimo colocado:


10. Alexandre Baldy (PSDB/GO)

Profissional no ramo da indústria, atuou como Secretário de Indústria e Comércio de Goiás no governo de Marconi Perillo (PSDB/GO) entre 2011 e 2013. Atualmente filiado ao partido PTN, Baldy foi eleito com 107.544 votos, o equivalente a 3,55% dos votos válidos para deputado federal no estado de Goiás, conquistando a 8ª colocação. Não tendo alcançado o quociente eleitoral, elegeu-se pelo quociente partidário de sua coligação (PSDB/PP/PR/PSD/PTB/PDT/PPS/PROS/PRB), a que angariou mais votos no estado.

Suas despesas, exatamente iguais às receitas declaradas à Justiça Eleitoral, somam R$ 5.484.143,06, rendendo-lhe a 2ª colocação dentre os mais gastões em Goiás. Alexandre recebeu doações de empresas de diversos ramos (notoriamente do setor farmacêutico), sendo as empresas Allbox Embalagens Ltda., Recofarma Indústria do Amazonas Ltda., JC Distribuidora de Medicamentos Ltda. e Mineração Serra Grande S.A. as principais delas.

O deputado ainda contou com as próprias doações, que totalizam R$ 1.121.107,82, quantia superior à arrecadação de quatro dos deputados federais eleitos no seu estado (o primeiro colocado entre eles). A doação mais generosa, contudo, no valor de R$ 1.175.000,00, veio de outra pessoa física – Marcelo Henrique Limírio Gonçalves, membro do conselho de administração da Hypermarcas, conglomerado que detém marcas de vários ramos do mercado, entre eles o farmacêutico.